Essencialismo: o "menos, porém melhor", aplicado à vida nômade digital

O não essencialista acha que quase tudo é essencial. O essencialista avalia mais para fazer menos. Segundo Greg Mckeown, "só quando nos permitimos parar de tentar fazer tudo e deixar de dizer sim a todos é que conseguimos oferecer nossa contribuição máxima àquilo que realmente importa".

Por Simone Zolet, empreendedora

Mckeown traz o conceito de “fazer menos porém melhor”, e ressalta que “o caminho do essencialista é buscar de forma incansável o menos porém melhor. Ele não concorda com o princípio só de vez em quando, mas o adota de maneira disciplinada o tempo inteiro (...). O essencialismo não trata de fazer mais, trata de fazer as coisas certas. Também não é fazer menos só por fazer menos. É investir tempo e energia da forma mais sábia possível para dar sua contribuição máxima fazendo apenas o essencial (...). Ao investir em menos coisas, temos a experiência satisfatória de alcançar um avanço significativo no que mais importa”.

Todo nômade digital cedo ou tarde compreende a necessidade de aplicar em seu estilo de vida as premissas do essencialismo. Pois, sem isso, pode se perder numa rotina insana com vários fusos horários, estressante pela falta de organização, indisciplina, dificuldade em dizer “não” e pela mudança constante de local, e pior, se afastar de seu verdadeiro propósito, daquele significado que o levou a decidir e optar pela liberdade geográfica, prejudicando inclusive a sua saúde física, emocional e mental.

O essencialismo nos faz refletir sobre a vida que estamos tendo, sobre os nossos valores e princípios mais nobres, para onde estamos indo, quais resultados estamos obtendo, se estamos realmente satisfeitos e felizes com o que escolhemos para nossa vida. Diante disso, o essencialismo nos faz parar para rever as nossas decisões, e, se necessário, recalcularmos a rota que necessitaremos percorrer para alcançar o que realmente importa em nossa vida.

“O caminho do essencialista segue um propósito, não segue o fluxo. Em vez de escolher reativamente, o essencialista distingue de maneira deliberada as poucas coisas essenciais das muitas triviais, elimina o que não é essencial e depois remove obstáculos para que o essencial tenha passagem livre” (Mckeown, livro Essencialismo).

Essencialismo tem a ver com o resgate do propósito de cada pessoa, ou seja, resgate do seu porquê, do porquê a pessoa faz o que faz, qual a motivação, e o significado, como diz o escritor Simon Sinek.

Tendo clareza quanto ao propósito pessoal, o nômade digital saberá distinguir o que é prioritário do que é o ladrão de seu tempo e de sua organização rumo ao que deseja e necessita alcançar. Muitos desvios e perda de tempo serão evitadas e eliminados. O resultado é uma experiência mais plena, leve, prazerosa e uma realização mais precisa, equilibrada, sem estresse, sem ansiedade e desgaste emocional. Um objetivo fundamental do essencialismo é promover qualidade de vida, saúde integral e paz íntima. E, isso é uma das bases do estilo de vida nômade digital, pois, quando se decide pela liberdade geográfica se tem em mente não somente a interação com outras culturas, mas também, o poder de optar por estar em lugares onde é mais bem tratado, onde encontra maior qualidade de vida e bem-estar.

7 Práticas essencialistas para o dia a dia do nômade digital:

1. Escapar – estar indisponível. Aprender a fazer uma agenda pessoal de rotina útil, e a estar indisponível em alguns momentos. Quando for necessário, deixar claro para as pessoas de seu convívio, quais são as suas prioridades, e o quanto poderá se comprometer com outra coisa que não o seu objetivo central. Não se trata de egoísmo, e sim de auto-organização e disciplina.

2. Ter os seus próprios critérios para escolher o que importa. Para escolher onde e em quê você dedicará a sua energia, com base em suas prioridades, precisa estabelecer os seus critérios pessoais para não desviar de seu caminho. O essencialismo não exige apenas disciplina mental, mas a disciplina emocional necessária para não ceder à pressão social. Alguns exemplos para ajudar: a) Se isto que me convidaram para fazer for me aproximar 51% de meu foco, aceito. b) Se isto for me desviar 51% de meu caminho, não aceito. c) Se for para agradar ou não magoar o outro, não aceito. d) Se for gerar de alguma forma dependência do outro para comigo, não aceito.

3. Saber dizer não. Aprender a dizer “não” tanto para as pessoas próximas quanto para as mais distantes. Em geral dizer "não" exige trocar popularidade por respeito. Existem várias maneiras de negar um pedido ou uma nova atribuição. Confira alguns exemplos:

“Será que consigo atender a esse pedido com o tempo e os recursos de que disponho?”; “Essa é a coisa mais importante que eu deveria fazer com meu tempo e meus recursos neste momento?”

4. Estabelecer limites para si e para os outros. É importante não abrir concessões de tempo e energia para atuar em atividades e projetos que não estejam alinhados ao seu propósito. As pessoas do seu convívio precisam saber que a sua disponibilidade para as necessidades que elas têm é limitada.

5. Remover obstáculos. Identificar e remover obstáculos na rotina do dia a dia que sugam tempo e energia. Por exemplo: ficar muito tempo nas midias sociais.

6. Ter uma rotina fluida. Planejar uma rotina mais equilibrada e fácil de realizar. Pois, ao sobrecarregarmos o nosso dia a dia com responsabilidades sem fim, seguir essa rotina se torna estressante e desgastante, além de custar caro para nossa saúde física e mental, baixa nossa produtividade e resultados positivos.

7. Focar no importante agora. Aprender a focar no que é importante agora, pois, dessa forma, tomará decisões práticas que impactarão sua vida no tempo presente e futuro.

Existem muito mais atividades e oportunidades no mundo do que tempo e recursos para investir nelas. O caminho do essencialista exige filtrar todas as opções e selecionar apenas as verdadeiramente essenciais para si.

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